Retirado do livro “Vai aonde te leva o coração” de Susanna Tamaro.
"...não somos seres suspensos em bolas de sabão, que vagueiam felizes pelos ares; nas nossas vidas há um antes e um depois, e esse antes e esse depois são uma ratoeira para os nossos destinos, pousam-se sobre nós como uma rede se pousa sobre a presa. (...)”
“...quando o caminho atrás de ti é mais comprido do que o que tens à tua frente, vês uma coisa que nunca tinhas visto antes: o caminho que percorreste não era a direito mas cheio de encruzilhadas, a cada passo havia uma seta que apontava para uma direcção diferente; dali partia um atalho, de acolá um carreiro cheio de ervas que se perdia nos bosques. Alguns desses desvios fizeste-os sem te aperceberes, outros nem sequer os viste; não sabes se os que não fizeste te levariam a um lugar melhor ou pior; não sabes, mas sentes pena. Podias fazer uma coisa e não fizeste, voltaste para trás em vez de seguir em frente. (...)”
“A coisa mais fácil do mundo é encontrar escapatórias quando não queremos olhar para dentro de nós mesmos. Uma culpa exterior é coisa que existe sempre, tem de se ter muita coragem para aceitar a culpa - ou melhor, a responsabilidade só nos cabe a nós. No entanto, como já te disse, é essa a única forma de seguir em frente. Se a vida é um percurso, é um percurso sempre a subir.”
“E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te levar."
“A compreensão nasce da humildade, não do orgulho de saber.”
Neste livro de descoberta ou redescoberta, acompanhamos a vida de três mulheres de gerações diferentes (uma avó, a sua filha e a sua neta) e ficamos também a conhecer as diferenças existentes entre cada geração. A autora escreveu esta obra sob a forma de um diário íntimo que fala de sentimentos sem o menor sentimentalismo. O diário é escrito por uma mulher de oitenta anos, uma avó como tantas outras, que faz tricô, planta roseiras e vive com o seu velho cão. Esta é a forma que ela encontra para contar a sua vida à neta e dizer-lhe o quanto gosta dela já que, devido à educação que recebeu, é incapaz de fazê-lo de outro modo.
Por vezes, o coração também se engana e fazemos escolhas erradas. Quando isso acontece, resta-nos tirar lições dos nossos erros e (re) começar de novo.
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