quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Um dia naquele inverno"


Um dia naquele inverno
de Sveva Casati Modignani
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 384
Editor: Porto Editora
Idioma: Português

Sinopse
Numa grande mansão, às portas de Milão, vivem os Cantoni, proprietários há três gerações da homónima e prestigiada fábrica de torneiras.

Aparentemente, todos os membros da família levam uma vida transparente, mas, na realidade, todos eles escondem segredos que os marcaram; existem situações que, ainda que conhecidas por todos, permanecem um tema tabu. Omite-se até a loucura de que sofre Bianca, a matriarca desta dinastia.

Um dia, entra em cena Léonie Tardivaux, uma jovem francesa sem dinheiro e sem parentes, que casa com Guido Cantoni, o único neto de Bianca. Léonie adapta-se bastante bem à rotina familiar, compreendendo a regra de silêncio dos Cantoni. Isso não a impede de ser uma esposa exemplar, uma mãe atenta e uma gerente talentosa, que, com bastante êxito, conduz a firma pelo mar hostil da recessão económica. No entanto, também ela cultiva o seu segredo, aquele que todos os anos, durante apenas um dia, a leva a largar tudo e a refugiar-se no Lago de Como.

Mais uma vez, Sveva Casati Modignani cativa o leitor com uma saga familiar que atravessa quase um século da História de Itália, dos anos 20 até aos dias de hoje, colocando em cena personagens encantadoras: homens inteligentes, autênticos e perspicazes, que têm ao seu lado mulheres fortes e inigualáveis, capazes de os aconselhar e apoiar.


Sveva Casati Modignani
Reconhecida como a signora do bestseller italiano, Sveva Casati Modignani é exímia em presentear os seus leitores com histórias repletas de enredos femininos e envolventes.
As suas obras estão traduzidas em 17 países e já venderam mais de dez milhões de exemplares.

No catálogo da Porto Editora figuram já os seus romances Feminino Singular, Baunilha e Chocolate, O Jogo da Verdade, Desesperadamente Giulia, O Esplendor da Vida, A Siciliana, Mister Gregory, A Viela da Duquesa e Um Dia Naquele Inverno.

OpiniãoAs personagens femininas são sempre as personagens principais (excepto em Mister Gregory), mas neste livro conseguimos também encontrar a seu lado homens fascinantes e inteligentes. Com personalidades fortes, perspicazes e encantadoras, as suas personagens são sem dúvida uma verdadeira inspiração para quem as lê.

Classificação: 5/7 Muito Bom
Leitura em: Fevereiro/2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Força do Desejo"

Força do Desejo
de Jess Michaels
A noiva vai tentar libertar-se de todas as suas inibições.
Edição/reimpressão: Março/2012
Páginas: 228
Editor: Quinta Essência
Romance Sensual
Titulo Original: Nothing Denied

Sinopse
Ao começar a sétima temporada fracassada, Beatrice Albright começa a perceber que a sua beleza não pode compensar a sua astúcia e os seus modos desabridos. Mulher desesperada que ninguém quer, tem de procurar um homem com quem ninguém queira casar: o desprezado e misterioso marquês Highcroft, Gareth Berenger.

Consta que ele é um assassino, mas Beatrice tem muito mais medo da vida de solteirona - e da companhia da mãe - do que da má reputação de Berenger. Mas Gareth, embora intrigado com a proposta da interessante jovem, tem ele próprio uma proposta a fazer-lhe. Sendo um homem de gostos particulares, não casará com nenhuma mulher que não esteja disposta a satisfazê-los. A sua noiva tem de ser aventureira, não ter medo de nada, e estar ansiosa por experimentar qualquer paixão e prazer que ele congemine, por muito chocantes e tabu. Se Beatrice concordar com um período experimental - se conseguir voluntariamente libertar-se das suas inibições - no fim casará com ele.
E assim os dados estão lançados - enquanto Beatrice e Gareth embarcam numa viagem erótica onde o perigo os espera a casa esquina, a caminho de um mundo de delicioso êxtase onde nada é proibido... nada é negado.
 
Submetam-se à paixão, rendam-se ao desejo...

" Uma história que explora o domínio total de um héroi sombrio sobre uma heroína teimosa. Uma maneira deliciosa de afastar o frio do inverno."
Romantic Times

"Força do Desejo é provavelmente o livro mais escaldante de Jess Michaels até hoje."
Joyfully Revieuved

"Interessante, intrigante... e definitivamente diferente."
Night Owl Romance

"Não vai querer negar a si própria esta obra excecional de uma autora talentosa que me faz ansiar por mais!"
Coffee Time Romance

Jess Michaels escreve desde o dia fatídico que o marido lhe disse: "Só és realmente feliz quando estás a escrever. Porque não fazes isso?"
Em Novembro de 2003, o seu trabalho (e vários baldes de lágrimas) compensaram quando ela fez a sua primeira venda à editora Red Sage.
Jess tem sido apelidade de "estrela do romance sensual", e o seu trabalho foi descrito como "demasiado quente para largar". Também escreve romances históricos como Jenna Petersen.
É conhecida das leitoras pelo seu popular site para aspirantes a escritoras, The Passionate Pen.
Casada com o seu herói desde 1997, Jess vive no Midwest dos Estados Unidos.

Autora de Tabu

Opinião
Beatrice Albright é considerada uma megera devido ao seu mau feitio, encontra-se na sua sétima temporada e completamente desesperada, por não conseguir arranjar um namorado e futuro marido. Ao ver todas as suas irmãs casadas, e agora até a mais nova a iniciar-se na busca de um namorado e futuro marido, Beatrice resolve ir em busca do seu, tomando as rédeas da situação. Mas sendo renegada pela sociedade inglesa, qual é o homem que a quer como esposa?

É então que surge Gareth, passado dois anos, de volta ao círculo inglês e em busca de uma nova esposa, para cumprir com o sonho da sua falecida avó. Gareth tinha sido casado com Laurel, mas esta suicidou-se, e todos atribuem as culpas a Gareth, até ele mesmo, devido aos seus gostos sexuais deveras alternativos.
Duas pessoas sem hipóteses de contrair matrimónio na sociedade, por duas razões muito distintas, encontram num acordo mútuo a possibilidade de resolver essa situação casando um com o outro.

Neste livro o sexo é um dos temas principais, mas eu não achei que fosse só isto porque aqui ele é encarado como um elemento que irá transformar o casal, redescobrindo-se. Uma das coisas que mais gostei foi da evidente transformação que ocorre com Beatrice, que no início era uma jovem mimada e que no fim passa a ser uma mulher completamente diferente.
Um história de desejo, mistério, vingança e muito prazer, para os leitores mais atrevidos.

Classificação: 5/7 Muito Bom Leitura em: Janeiro/2013

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"O Livro do Amanhã"


O Livro do Amanhã
de Cecelia Ahern
Por vezes o amanhã tem de começar hoje
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 280
Editor: Editorial Presença
Coleção: Champanhe e Morangos
Mais de 1 milhão de exemplares vendidos em 15 países, da autora de P. S. - Eu Amo-te e A Prenda

Sinopse
Tamara Goodwin tem dezasseis anos e vive confortavelmente numa mansão moderna com seis quartos, habituada a ter tudo o que quer quando quer. Mas, quando o pai morre deixando inúmeras dívidas, Tamara e a mãe não têm outra alternativa senão vender tudo e ir viver com parentes para um lugar distante e isolado junto ao castelo de Kilsaney. Para Tamara o choque parece inultrapassável, até que um dia uma biblioteca itinerante chega à vila trazendo consigo um misterioso livro encadernado a couro e fechado com um cadeado dourado. O que a jovem descobre entre as páginas está prestes a mudar toda a sua perceção do presente...
 
Críticas de imprensa
«Um autêntico page-turner...cheio de originalidade e personagens coloridas. Mais um sucesso de Ahern.»
News of The World

«Esta história vertiginosa, uma inegável proeza de Ahern, deixa o leitor sob o efeito de um sortilégio.»
Publishers Weekly

«Num original gótico moderno, este apaixonante romance desenrola-se numa atmosfera de segredos familiares, intrigas e magia.»
Booklist


Cecelia Ahern é formada em Jornalismo e Comunicação. Aos vinte e um anos escreveu o seu primeiro romance, P. S. - Eu Amo-te, um imediato e estrondoso sucesso publicado em mais de 40 países, que liderou as listas de bestsellers na Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e Holanda, e deu origem ao filme com o mesmo nome. Todos os seus romances seguintes - Para Sempre, Talvez, Se Me Pudesses Ver Agora e Um Lugar Chamado Aqui, A Prenda, Obrigada pelas Recordações e A Rapariga e o Espelho - receberam um acolhimento entusiástico e alcançaram o estatuto de bestsellers. Alguns foram também adaptados ao cinema e valeram-lhe a atribuição de diversos prémios literários, entre os quais o Prémio Nielsen de 2009.


Página 275
" Acho que a maior parte das pessoas entra nas livrarias e não faz a mínima ideia do que quer comprar. De certo modo, os livros estão lá, quase por magia, ansioso por que as pessoas lhes peguem. A pessoa certa para o livro certo. É como se eles já soubessem de que vida precisam fazer parte, como podem fazer a diferença, como podem ensinar uma lição, por um sorriso num rosto no momento certo. Agora penso nos livros de um modo diferente."

Tamara sempre viveu num mundo de sonho, tendo tudo aquilo com que uma adolescente sonha e muito mais, mas com a morte do seu pai tudo acaba e ela vê-se perante uma realidade que nunca tinha imaginado.
É obrigada a ir com a sua mãe viver com uns tios numa "casinha" perdida no meio do nada onde segundo ela nada de bom poderia acontecer... mas estava muito enganada.

Só que as coisas não são bem o que aparentam ser, e Tamara, não se contenta em fazer o que os outros esperam que ela faça. Curiosa e rebelde por natureza, ela vai tentar descobrir o grande mistério que se esconde por trás do castelo em ruínas que se encontra na propriedade e de certas personagens com quem ela tem contacto, incluindo a sua própria tia.

Não vos vou contar mais sobre a história, mas as personagens estão muito bem conseguidas, com características bem definidas e diversas entre si, que nos impelem para uma leitura compulsiva e intensa.
Um livro mágico, um amanhã que se sabe hoje, uma adolescente que repensa a sua vida - fútil - e que descobre amizades, segredos de família escondidos e guardados a sete chaves, que a ajudam a crescer.

Uma leitura surpreendente!
Classificação: 6/7 Excelente
Leitura em: Janeiro/2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"Dias de Ouro"

Dias de Ouro
de Jude Deveraux
Um amor que atravessa dois continentes e une duas pessoas separadas por classe, riqueza e educação.
Edição/reimpressão: Outubro/2011
Páginas: 404
Editor: Quinta Essência
Titulo original: Days of Gold

Com Dias de Ouro Jude Deveraux continua a série centrada em Edilean, que teve início com Jardim de Alfazema e Perfume da Paixão.

Sinopse:
Escócia, 1766. Angus McTern tem tudo o que pode desejar na vida. Embora o avô tivesse perdido as terras e o castelo da família num jogo de cartas quando Angus era pequeno, ele continua a encarar seriamente os seus deveres na qualidade de laird. Por conseguinte, quando a herdeira legítima do castelo — a bonita Edilean Talbot — aparece, a calma existência de Angus fica abalada para sempre…

No início, Angus trata Edilean com frieza. Ressente-se da educação privilegiada da jovem e sente-se enraivecido pela forma como todo o seu clã parece adorá-la. Contudo, quando a herança de Edilean é roubada e ela precisa desesperadamente da sua ajuda, Angus põe o orgulho de lado. Porém, nem tudo é o que parece, e devido a uma terrível confusão Angus é acusado de se apoderar da herança da jovem. A partir desse momento, a única forma de escapar à perseguição consiste em subir a bordo de um navio na companhia de Edilean. Durante a travessia, o amor começa a nascer entre eles.
Contudo, a felicidade é de curta duração pois não é a liberdade aquilo que os espera na América, mas o ganancioso noivo de Edilean, que faz tudo para obrigar Edilean a regressar à Escócia com ele. Porém, o destino volta a reunir Angus e Edilean……

Imprensa:
A cidade de Edilean, na Virgínia, tem sido palco de várias histórias… venha saber como surgir… e conheça Edilean Talbot, a jovem que a batizou.

“ Depois de dezenas de romances, Deveraux tem uma mão segura a evocar heroínas valentes, vilões covardes e heróis irresistíveis, bem como um elenco forte a apoiá-los. O ritmo é rápido e o romance faísca com tensão suficiente para manter os leitores a virar as páginas.”
Publishers Weekly

“Os leitores obtêm tudo o que podiam desejar desta notável escritora: personagens memoráveis, diálogos inteligentes e uma história maravilhosa. Isto é entretenimento!”
Romantic Times

“Com a promessa de futuros livros sobre a surpreendente e interessante Edilean, a veterana contadora de histórias Jude Deveraux incorpora os seus habituais personagens agridoces numa série de romances divertidos.”
Booklist

“A escrita de Jude Deveraux é encantadora e requintada.”
Book Page

Autora:
Jude Deveraux é autora de uma vasta obra, com mais de 30 títulos publicados, que marcam regularmente presença na lista dos livros mais vendidos do New York Times, incluindo First Impressions, Carolina Isle, Holly Always, Wild Orchids, Forever and Always, The Mulberry Tree, The Summerhouse, Temptation e Secrets. Os seus livros, bestsellers em vários países, já venderam mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo.

Jude Deveraux nasceu em 1947 em Fairdale, Kentucky. Licenciou-se em Arte na Universidade de Murray. Foi professora durante alguns anos, antes de se dedicar exclusivamente à escrita. Actualmente vive na Carolina do Norte.

Site da autora

Obras da autora, editadas em Portugal:
Alguém para Amar
Perfume de Paixão
Jardim de Alfazema
Dias de Ouro
Desejos do Coração

Opinião:
Uma verdadeira delícia para estes dias de frio e chuva. Mais uma vez a autora surpreende os leitores com um romance irreverente, doce e romântico.

Em Dias de Ouro, o leitor é transportado para o século XVIII ano de 1766 na Escócia e acompanha a irreverente e jovem Edilean Talbot, uma órfã com um dote muito valioso, mas encurralada nas mãos de um tio ambicioso, mesquinho e grosseirão. Temos também o “grosseiro” Angus McTern, um laird sem nenhuma terra própria, mas com amigos, família e um povo que dele dependem e nele confiam. São estas personagens que levam o leitor numa aventura de romance e esquemas, que atravessa continentes e nos leva numa viagem de descobertas, perigos e muitas emoções.

Uma história muito bem estruturada, de fácil compreensão, escrita de uma maneira simples, clara e fluida, ao que a autora já nos habituou. Composta por várias personagens secundárias, que são uma verdadeira delicia, muito bem estruturadas, bem apimentadas, que tornam todo este enredo muito mais divertido e cativante. Sem dúvida que é um grupo bastante alegre, divertido, cómico e super dinâmico que leva o leitor o desfolhar cada página a uma velocidade alucinante.

Classificação: 5/7 Muito Bom
Leitura em: Janeiro/2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

"A Paixão de Emma"

A Paixão de Emma
de Charlotte Bingham
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 288
Editor: Edições Asa

Idioma: Português
Géneros: Romance, Ficção Histórica
Titulo original: The land of summer

"Se gostou de Orgulho e Preconceito vai adorar este livro."
Woman`s Way

Primeiras páginas

Sinopse
Emmaline sempre ouvira a mãe dizer que, como a mais velha de quatro irmãs, casar deveria ser a sua prioridade e dever. Contudo, o tempo passava sem que se vislumbrasse qualquer proposta de casamento. Até que num baile organizado em sua casa, um belo desconhecido a convida para dançar. Ele chama-se Julius e, na manhã seguinte, pede a sua mão. Cheia de esperança e vontade de começar uma nova vida, Emmaline deixa a América rumo a Inglaterra. Porém, quando chega, depara-se com uma casa estranha, repleta de pessoas invulgares e criados excêntricos. Um cenário bastante distante do glorioso lugar que Julius lhe descrevera. Na verdade, à medida que os dias passam, o próprio noivo parece ter-se tornado irreconhecível. Emmaline sente-se cada vez mais só e infeliz, chegando até a pôr em causa o futuro da relação. Mas isso é antes de o passado de Julius, e a história daquela enigmática casa, lhe serem desvendados.

Bastaram apenas alguns minutos para que Emmaline se apaixonasse por aquele homem que tanto se esforçava por ser galante e encantador. A partir do momento em que ele parou diante da sua cadeira e começou a falar, ela soube que nada jamais voltaria a ser igual.

"Charlotte Bingham é uma excepcional contadora de histórias."
The Independent on Sunday
 Charlotte Bingham é oriunda de uma familia iluste ligada às letras. O seu pai, barão de Clanmorris, foi autor de romances policiais e agente secreto; a sua mãe era dramaturga. Aos dezanove anos, publicou a sua autobiografia, que se tornou num sucesso instantâneo. Desde então escreveu comédias e séries dramáticas, filmes e peças para Inglaterra e para os Estados Unidos. Os seus romances já venderam milhões de exemplares em todo o mundo, tendo Change of Heart vencido o Prémio Romantic Novel of the Year 1955, atribuido pela Romantic Novelistd`Association.

Para mais informações sobre a autora consulte o site

Opinião:
Quanto às personagens principais desta obra, a Emmaline pareceu-me um pouco fraca e as emoções que demonstra durante o livro não parecem corresponder às situações que está a viver no momento. Julius deixou-me perplexa, até mesmo de boca aberta, porque quase que não parecia humano, com um comportamento quase sempre bizarro. Julius aparenta ter muito pouca personalidade para além de quase nunca estar em casa e é um mistério como é que Emma se apaixona por uma pessoa que não se dá a conhecer.

Quanto à história, durante as primeiras páginas, a história não me estava a despertar qualquer interesse. O que felizmente mudou e rapidamente a leitura tornou-se bastante agradável e interessante.

Após o casamento de ambos, numa cerimónia muito discreta e principalmente solitária, Emmaline sentia-se infeliz, devido à solidão e por não conseguir entender o seu marido. Então Emmaline começa a escrever versos, que se transformaram em poemas. E neste aspecto a obra é muito interessante e fiel à sociedade da altura. O leitor pode ver como era difícil para uma mulher escrever e expor as suas ideias. Entramos num mundo de regras de etiqueta, onde é muito fácil ofender alguém ou transmitir uma má impressão. Os versos de Emma falam de um amor solitário e da esperança de viver um amor feliz e realizado.

Classificação: 4/7 Bom
Leitura realizada: Janeiro/2013

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

"O Dia Antes da Felicidade"


O dia antes da Felicidade
de Erri De Luca
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 104
Editor: Bertrand Editora

Sinopse
A história de uma criança nascida em Nápoles durante a Segunda Guerra Mundial. Órfã, é adoptada e o livro segue o seu crescimento, a sua visão da guerra, do sofrimento humano mas também do amor e da possibilidade de alcançar a paz e a felicidade.

"Retomei o meu lugar à baliza. Deixavam-me jogar com eles porque ia buscar a bola aonde quer que ela fosse parar. Destino habitual era a varanda do primeiro andar, uma casa abandonada. O rumor era o de que morava lá um fantasma. Os prédios velhos tinham alçapões tapados, passagens secretas, delitos e amores. Os prédios velhos eram ninhos de fantasmas."

Criticas de impressa
"Uma grande fábula feita de uma escrita de límpida timidez"
La Repubblica

"Romance coeso e forte, como se lêem poucos nestes dias em Itália, onde até a lìngua áspera de De Luca parece fazer-se mais líquida"
L´A vvenire

 " O autor regressa à sua memória de infância, faz-se rapaz para criar um grande livro."
L´Arena

"Quando se tem a sorte de encontrar um livro como este recuperamos a confiança na vida e a esperança num mundo menos bárbaro."
Corriere Della Sera

Autor
Erri de Luca, escritor, poeta e tradutor, é um dos mais conceituados autores italianos contemporâneos. Nasceu em Nápoles em 1950 e publicou o seu primeiro livro quando tinha quase 40 anos. Antes disso, foi membro activo do movimento "Luta Continua" e fez diversos trabalhos manuais em África, França e Itália: camionista, operário e construtor civil. Estudou sozinho o hebraico e traduziu vários livros da Bíblia. Colabora com diversos periódicos, entre os quais La Repubblica e Il Manifesto.
O Dia Antes da Felicidade, não saiu do top italiano desde a sua publicação, tendo estado várias semanas em primeiro lugar.

Outras obras do autor:
Caroço de Azeitona
Em nome da Mãe
O Peso da Borboleta

Opinião
Um dia antes da felicidade é um livro sobre o crescimento, isto é, da verdadeira e autêntica aprendizagem, daquela que conduz à transformação de um adolescente normal, igual a tantos outros, num ser humano mais elevado, melhor e mais forte.

Mas é também um romance sobre a felicidade, claro. E sobre esse milagre que são os livros e a cultura. E sobre a sensibilidade e a delicadeza. E sobre a amizade. E sobre a violência. E sobre a pobreza. E sobre tantas, tantas outras coisas!

Trata-se de um livro claramente masculino, isto é, quem o escreve é um homem, não há aqui uma escrita feminizada, antes uma escrita senhorial, de uma extrema nobreza e autenticidade. Num tempo em que é tão difícil saber-se o que é ser um homem, este livro constitui uma resposta clara e verdadeira a essa questão.

Lemo-lo e mergulhamos no mundo puro e deslumbrante das palavras de Erri De Luca. O narrador é um jovem com um olhar límpido e franco sobre a realidade que o rodeia. É alguém a quem surge um mestre, Dom Gaetano, que, longe de ensinar o desencanto e a amargura, lhe mostra o que é ser um homem, verdadeiro, bom e lutador.

Erri De Luca usa uma escrita que ilumina tudo aquilo sobre que se debruça: as pessoas (com as suas pequenas e grandes misérias), os livros, a escola, o amor, a cidade de Nápoles, etc.

A dada altura (p.66), Dom Gaetano e o jovem narrador passeiam pela cidade e cruzam-se com um grupo de marinheiros norte-americanos que corriam com "camisola, calções e sapatilhas". Não percebem. Porque, diz, "Correr, para nós, é um verbo sério". E é exactamente isto que escrever é para Erri De Luca: um verbo sério. Em todos os momentos, mesmo os de humor (sempre intenso e inteligente, como em tudo o resto), tudo está lá por um motivo sério. Não há ali nada de supérfluo, de fútil. Tal como em outros livros deste autor. Mas, aqui, neste, levado a um grau extremo, quase doloroso.

Erri De Luca, responde:
As suas histórias têm pessoas concretas. Escreve: “Se lhes chamas gente, não fazes caso das pessoas.” Isto também tem relação com o amor e a necessidade de um rosto?
Claro que há necessidade de um rosto concreto. Também os escritores do chamado doce estilo novo [Petrarca e outros] tinham necessidade de dirigir-se a uma figura feminina concreta. O amor tem essa necessidade. Na frase que citava, há um momento em que, de repente, a multidão à volta e à qual não se liga, fica formada por pessoas singulares. Todos os que têm uma identidade dizem-nos respeito pessoalmente.

As suas personagens são também gente pobre, austera, mas nobre e íntegra. Pretende com isso exaltar a pobreza perante uma sociedade de aparências?
Eu conheci a cidade [Nápoles] do pós-guerra, a pobreza. A honestidade, a integridade eram necessárias. Eram uma técnica social para resistir e viver melhor, porque comportavam uma rede, um vínculo a todas as pessoas. Faziam comunidade, era como uma família alargada. E isto era possível com a honestidade, a integridade, a lealdade, a generosidade. São dotes que não são apanágio da pobreza, mas desenvolvem-se melhor na pobreza.
Vivemos num mundo em que estas técnicas sociais já não são necessárias, tornaram-se uma escolha moral. Naquela época eram uma escolha prática.

Nos seus livros regressa sempre ao Vesúvio, à ilha de Ischia, a Nápoles, de onde saiu aos 18 anos, à infância e à adolescência. São lugares e tempos importantes?
Sim, há momentos, na adolescência e na infância, em que a vida corre mais veloz, em que se condensam acontecimentos. Agrada-me regressar aquele ponto para contar e compreender.

Falamos de personagens que são também parcas em palavras. Estamos cheios de palavras?
Sim, de palavras que não têm consequência, que podem ser desmentidas no dia seguinte. A palavra política tornou-se uma palavra publicitária, não mantém aquilo que diz. Estamos num tempo de palavras ligeiras.
Isto é uma vantagem para um escritor: ele tem o monopólio das palavras mais pesadas, das palavras com consequência, uma vez pronunciadas. A palavra literária, e a poética ainda mais, tem um valor acrescentado num tempo charlatão.

Fala sempre de memórias da guerra e conta histórias dentro de histórias. O rapaz deste livro “O Dia Antes da Felicidade” diz que a história da cidade é a sua própria história. Temos necessidade da memória para encontrar a identidade?
Não, precisamos de uma geração que conte à geração seguinte a sua experiência. E que a conte de viva voz, não com o cinema ou a televisão, mas envolvendo-se com o corpo. Precisamos de uma geração que conte e transmita de viva voz e que o faça sem nenhum objectivo didáctico, porque assim passa o tempo, os seus serões, contando a sua vida e aventuras.
A II Guerra, do ponto de vista dos sobreviventes, foi uma imensa matéria narrativa. A memória que me chegou pertencia a esta árvore de transmissão do conhecimento de viva voz. Transmitir a memória não era um objectivo. Hoje, a memória tornou-se uma pílula na televisão para recordar um acontecimento. Isso não é memória, é aceder a um arquivo.

Não temos experiências que valham a pena contar às gerações seguintes?
Não vejo pais que contem histórias... Talvez não tenham nada para contar, excepto as férias que se fazem e as fotografias que tiraram num passeio de barco. Há um défice de transmissão, de tempo...

No “Caroço de Azeitona”, escreve: “Não traz fruto a Revolução quando é só política. Os fracos, os pobres, os ofendidos devem armar-se com outra coisa.” Isto é fruto de uma desilusão política?
Não, não. É fruto da minha experiência. Fui durante 11 anos militante revolucionário a tempo completo. Sem ter ambição de tomar o poder ou de fazer uma revolução política, mudámos o modo de pensar da nossa sociedade.
Fizemos uma revolução não política, uma revolução de mentalidade num país que vinha da guerra, com um governo de um mesmo partido durante 40 anos. O nosso país era atrasado, a única democracia provisória num Mediterrâneo cheio de fascismos: do vosso até à Turquia, passando por Espanha e Grécia.
Era um tempo em que não bastava uma revolução política, era necessária uma transformação das pessoas. E nós estávamos felizes com essa transformação.

Escreve que se pode vencer mais com os salmos de David do que com as armas. O que quer dizer?
Que aquela pessoa de quem estou falando, aquele Jesus na época da ocupação militar romana, baralhava as cartas, forçava os limites.
Havia revolucionários a esmo em Israel. Morriam como moscas nos patíbulos da cruz dos romanos. Ele queria introduzir uma variante, fundada também nos salmos de David, que dizia respeito aquele tempo e aquela pessoa. Não saímos ainda fora do âmbito dos salmos.

É verdade que começa o dia lendo versículos da Bíblia “para que o dia tenha um fio condutor”?
Acordo todos os dias estudando o hebraico antigo. Não sou crente. Tenho necessidade disso para despertar, como algo que acompanha o café, para forçar a caixa fechada do meu crânio.

Mas o hebraico da Bíblia ou de outros livros?
O hebraico antigo da Bíblia.

Porquê esse fascínio pelo texto bíblico?
Porque aquele é o formato original do qual descende toda a nossa civilização religiosa. Para mim aquele é um texto obrigatório. E aproveito de maneira escandalosa do facto de só eu o conhecer. E de poder desmascarar todas as traduções péssimas, ruins e mal intencionadas. Aproveito o talento que tenho, mas o texto deveria ser conhecido por todos.

É nesse sentido que fala da Bíblia como um caroço de azeitona?
Sim. As palavras que lia de manhã, quando trabalhava como operário, tinha-as como companhia para todo o resto do dia. Remastigava-as no trabalho das obras e fazia como se fosse um caroço de azeitona que me ficava na boca.

Quando fala de caroço de azeitona, quer dizer que a Bíblia é, como dizem os cristãos, um alimento?
Um aperitivo.

Já traduziu vários livros da Bíblia, escreveu “Em Nome da Mãe”, uma das mais belas narrativas ficcionadas do nascimento de Jesus. Há um livro ou uma personagem da Bíblia de que goste mais?
José. Nenhum dos evangelhos diz que era velho, podemos imaginá-lo jovem, belo e enamorado.
O seu nome vem do verbo hebraico yasaf, que quer dizer acrescentar. Yosef, à letra, é aquele que acrescenta. E o que acrescenta ele? Para já, a sua fé. Ele acredita na versão da sua noiva, grávida mas não dele. Acrescenta a sua fé à fé da rapariga que tinha acolhido aquela notícia.
Acrescenta-se ainda como esposo daquela rapariga, impedindo assim a condenação à morte, porque ela perante a lei, era adúltera. E acrescenta-se enquanto segundo pai daquela estranha criatura aparecida no meio deles, Jesus, Yeshu em hebraico. Ele contribui e muito para esta história. No evangelho não é tido em conta mas nesses nove meses deu um contributo enorme
Dê um exemplo das más traduções da Bíblia de que falou.
No original hebraico, não está a condenação de Eva de parir com dor. A palavra hebraica é esforço, fadiga. Não é dor, porque ali não há intenção punitiva da divindade. Há apenas uma verificação.
Àqueles dois, que comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal e que se encontraram nus, diz: “Vocês tornaram-se outra coisa, não pertencem já a nenhuma espécie animal; nenhuma espécie animal sabe que está nua; aconteceu uma mudança total.”
Está dizendo que a facilidade, a agilidade de parto ou a naturalidade com que os animais têm os filhos não acontecerá mais. E Adão diz logo: “Maldita a terra.” Porquê, se a terra não lhe fez nada? Porque há outra verificação: Adão não se contentará com o fruto espontâneo, mas esforçará a terra, irá afadigá-la também com o seu suor, irá desfrutá-la para tirar o maior lucro. A terra será maldita por causa do esgotamento dos recursos.

Não há, então, um castigo?
Vê-se que não há intenção punitiva, porque logo a seguir a divindade faz vestes de peles para cobrir aqueles dois nus. Este é o gesto mais afectuoso.
A palavra hebraica que aqui é traduzida como dor, aparece outras cinco vezes: quatro nos Provérbios e uma nos Salmos. Cinco vezes em seis é traduzida como esforço e fadiga. Ali, metem na boca da divindade uma condenação. E sobre isto baseou-se toda a subordinação feminina, a culpa de Eva.

Publicou há pouco em Itália um livro com o título “Penúltimas Notícias sobre Jesus”. Que notícias são essas?
São todas tomadas das histórias do Novo Testamento, do evangelho. São penúltimas porque as últimas, as respeitantes ao seu regresso, ao cumprimento da promessa, essas estão em suspenso. O cristianismo vive num intervalo entre o anúncio do fim, feito por Jesus, e o cumprimento deste anúncio. São dois mil anos de intervalo, de tempo suplementar.

E quem é esse Jesus?
É um Jesus em carne e osso, um Jesus ainda vivo, que está um tempo na oficina de carpinteiro do seu pai, até começar a sua missão. Vive num território ocupado militarmente por uma nação hostil, a maior potência militar. E pode dizer “dai a César o que é de César”, porque nada naquela moeda tem poder sobre o mundo. Por isso, é uma figura em carne e osso. Um hebreu daquele tempo.

Classificação: 5/7- Muito Bom