terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"A Gaivota Que Tinha Medo do Mar"

A Gaivota Que Tinha Medo do Mar e Outros Contos
Contos de Eugénia Ponte
Ilustrações de Aurélio Mesquita
1ª Edição – Outubro de 2009
Páginas: 68
Editora: Lugar da Palavra

Esopo na antiga Grécia, e La Fontaine no século XVII, entre outros, partindo de histórias de animais, por eles inventadas, construíram as FÁBULAS que ainda hoje fazem parte do grande património da literatura universal. Maria Eugénia Ponte, partindo de realidades da vida animal, constrói histórias apaixonantes, que nos fazem refletir nos mais diversos problemas da vida. E como se isso não bastasse, conclui cada história com um "pensamento" que é um autêntico guia para uma vida feliz.
Padre José Eduardo Martins
(pároco de Alenquer)
Sobre a Obra e Autora:
Maria Eugenia Ferreira da Ponte
Nasceu na pequena aldeia de Obras Novas, freguesia do Carregado e concelho de Alenquer, no dia 14 de Abril de 1954.
Desde a sua infância que a leitura representa para ela um verdadeiro fascínio e foi esse fascínio que a conduziu ao gosto pela escrita.
Em 2007, editou o romance Desencontros Virtuais.
Mas os contos, em especial os contos infanto-juvenis, foram sempre o género literário que mais a atraiu, devido à grande afinidade que a liga às crianças.
Nunca foi mãe, mas as crianças sempre ocuparam um cantinho especial no seu coração e durante muitos anos foi catequista e orientadora de jovens no âmbito da Igreja Católica.
Informática de profissão, mas de convivência fácil com os mais jovens, sempre admirou outras profissões em que o contacto com a juventude é mais próximo.
Talvez seja por isso mesmo que, agora, se propõe concretizar um projeto antigo, a edição de uma compilação de pequenos contos que intitulou A gaivota que tinha medo do mar e outros contos.
Tendo como base uma curiosidade do comportamento de determinado animal, descreve-a inicialmente como nota didática, depois surge o conto e, no final, uma pequena reflexão adaptada à realidade humana.
Para Maria Eugénia Ponte, entrar no mundo infantil é uma experiencia fascinante e escrever um conto é como vestir a pele de criança e deixar a imaginação voar ao encontro do que é puro, sincero e transparente.

Índice dos contos:
A gaivota que tinha medo do mar
Rainha morta, rainha posta
Por que vais por ai?
Por ti, eu morrerei de amor
O melhor amigo do homem
Querida, já dei à luz os meninos
A rainha das joias
O Canguru que não sabia andar
Ambrósio, meu ouricinho, beija-me de mansinho
Abelha Zena – A procura da nova casa

Opinião:
No início de cada conto a autora escreve uma nota didática sobre o comportamento de determinado animal, aliás, sobre o animal que surge no conto seguinte. Aqui o leitor encontra informações muito interessantes sobre algumas espécies animais. Eu, particularmente aprendi coisas interessantes sobre alguns animais e são informações muito úteis e interessantes para os leitores jovens.

Um livro dedicado à princesinha Leonor (da autora) mas que no meu caso também se aplica à minha princesinha. Foi muito engraçado quando a minha filhota descobriu o nome dela, logo no início… “Mamã este livro é mesmo para mim”. Quanto aos contos, já tive o prazer de lhos ler todos, no geral gostou de todos, mas o favorito foi “O Canguru que não sabia andar” o que me deixou muito sensibilizada, pois ela tem um amigo que é especial, diferente dos outros meninos, o que o torna muito mais especial e sei que este conto foi o seu favorito por essa mesma razão. O conto que ela gostou menos foi “Ambrósio, meu ouricinho, beija-me de mansinho” isto porque, não gostou nada da maneira como os outros animais da quinta trataram este casal de ouriços e os seus filhotes.

Contos para contar e voltar a contar…

De seguida tenho que partilhar alguns dos excertos de reflexão, que o leitor encontra no final de cada conto. Excertos que a autora adapta na perfeição ao ser humano. Transcrevo alguns dos pontos de reflexão, que já li e reli diversas vezes. Aliás, já transcrevi alguns deles para papel e colei no meu monitor… Isto porque, me revi em muitos deles e dai sentir necessidade de os reler em determinados momentos do meu dia… adorei imenso, obrigada Eugénia por esta partilha de conhecimento, sabedoria, carinho… Porque como leitora, foi o que senti.
“Nesta vida quem se eleva acima de todos, mesmo que o não mereça, tem sempre lugar de destaque e é alvo da admiração colectiva.
Em contrapartida, quem se mostra humilde e modesto, é olhado com desprezo e altivez.” Pág.19

“Se somos diferentes, somos olhados com desconfiança e os nossos conselhos e ideias não são tomados em consideração.
Isso entristece-nos e a reação lógica é isolarmo-nos de todos os outros.” Pág. 25

“A amizade, tal como o amor, é um sentimento que só atinge a sua plenitude quando é retribuída.
É um sentimento que implica partilha, que implica reciprocidade.
Amizade não partilhada é como um filme que só o protagonista vê, é como uma flor que nasce debaixo de uma pedra, é como um rio que não corre para a foz…
Amizade unilateral nunca é amizade completa, não se justifica e não serve a felicidade, antes alimenta a tristeza e a dor.
Amizade que não desenvolve amizade é inútil e não faz sentido.” Pág. 37

“Quando discutes assuntos íntimos, não deixes que eles deixem de ser íntimos e passem a ser do conhecimento de toda a gente. É que, assim, estás a dar o direito àqueles que te rodeiam a que opinem sobre a tua vida e tomem decisões que só a ti deviam competir.” Pág. 43

Quando nos orgulhamos de algo que tenhamos feito, pensemos que só tem valor se for partilhado com alguém e que, se o guardarmos só para nós, pode acontecer que isso não passe de uma coisa mesquinha e sem utilidade pois apenas serve a nossa vaidade.” Pág. 49
“Não te angusties inutilmente com o que não consegues fazer ou com o que não és.
Em lugar disso, alegra-te com os dons que possuis, valoriza-os e põe esses dons ao serviço dos outros
… A felicidade não é uma coisa que dependa daquilo que temos, mas daquilo que somos.” Pág. 55

Toda a gente tem os seus defeitos, mas também tem as suas qualidades.
Vamos valorizar as qualidades e compreender os defeitos?” Pág. 67

Blogue da autora:
Maria Eugenia Ponte - Os meus livros - Os Contos

Outras obras da autora:
Abelha Zena, a Rainha Serena
Desencontros Virtuais

Contos que colocam o ser humano a pensar e a refletir, nas suas ações e atitudes do dia-a-dia.

Foi assim:

domingo, 29 de janeiro de 2012

"Aproveitem a Vida"

Aproveitem a Vida
Autor: António Feio com a colaboração de Maria João Costa
P.V.P.: 14,95€
Data 1ª Edição: 2010
Editora: Livros d'Hoje

Sobre a obra:
Tenho um tumor gigante no pâncreas. Alguns dos tratamentos conseguiram reduzir um pouco o seu tamanho, mas não o suficiente para poder ser operado. Sei bem o que isso significa. Neste momento, e porque não há outra forma, vivo um dia de cada vez. Deixei de fazer planos para a frente. Não sei o que me espera no futuro, mas isso agora também não importa, o que interessa é o aqui e agora.

Ao longo deste quase último ano e meio percebi que o meu estado de saúde deixou de ser um tema que me diz respeito apenas a mim, à minha família, aos meus amigos e àqueles de quem sou próximo. A minha doença deixou de ser apenas um problema que é meu, de alguma forma deixou de me pertencer. E isto sucedeu aos poucos, à medida que a onda de apoio e solidariedade à minha volta foi crescendo e ganhando forma. Assim nasceu a ideia deste livro.

A mensagem principal que quero deixar às pessoas é que se há um problema é preciso resolvê-lo da melhor maneira, há que não ficar quieto, há que tentar de tudo primeiro, nunca desistir. Se as pessoas começarem a parar por um momento para olhar para casos como o meu, ou, simplesmente, para a sua própria vida com olhos de ver, talvez comecem a relativizar os seus próprios problemas e possam perceber o que de facto vale a pena na vida. Talvez assim a consigam aproveitar melhor.

"Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros, apreciem cada momento e agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer..."
"..e as saudades que eu tenho dos tempos em que não tinha saudades de ter saudades. Que saudades!!!!!"

"É importante sonhar, estabelecer metas, ter objectivos na vida, ainda que não os alcancemos. É isso que nos faz avançar, que nos leva mais longe."
Sobre os autores:
António Feio
(Lourenço Marques, 6 de Dezembro de 1954 - Lisboa, 29 de Julho de 2010) actor e encenador. Estreia-se aos 11, na peça O Mar, de Miguel Torga, pela mão do encenador Carlos Avilez, no Teatro Experimental de Cascais. Popularizou-se ao lado de José Pedro Gomes, com a Conversa da Treta. Para além de carreira como actor, desenvolveu uma brilhante carreira enquanto encenador. Algumas das mais importantes foram: A Partilha de Miguel Fallabela; Conversa da Treta de José Fanha (Auditório Carlos Paredes); Popcorn de Ben Elton ao lado de Helena Laureano, Deixa-me Rir de Alistair Beaton, Jantar de Idiotas, O Chato de Francis Veber (Teatro Villaret), Vaise Andando (Auditório dos Oceanos). Deixou-nos a 29 de Julho de 2010, depois de ter travado uma longa luta contra o cancro.

Maria João Costa
(Guimarães, 27 de Outubro de 1976) dirige a chancela Livros d’Hoje. Apesar da sua formação jurídica, decidiu ser jornalista. Primeiro na imprensa, depois na televisão, passando pela RTP e, mais tarde, pela TV Globo, ao tornar-se o rosto do GNT Portugal. Os livros surgiram na sua vida há quatro anos, com o desafio da Dom Quixote para criar uma chancela de actualidade.

Opinião:
É um testemunho de vida, de luta e esperança e mais tarde de aceitação, ideal para pessoas que gostam de histórias verídicas de pessoas lutadoras e inspiradoras.
Apreciei muito o aviso que António Feio faz aos jovens de que se calhar o aparecimento deste cancro foi a consequência de alguns comportamentos na adolescência e ao longo da sua vida, quando se embebedava e fumava demasiado.
O livro é escrito com uma linguagem cuidada, mas o calão não deixa de aparecer em alguns momentos, o que o torna um pouco cómico. Principalmente na parte final do livro, contem textos escritos por ele, anteriores ao conhecimento da doença. Na minha opinião acho que devia ter dedicado algum do seu tempo à escrita, pois tinha provocado muitas gargalhadas nos seus leitores.

Classificação: 5/7 Muito Bom

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Autismo - a minha lição de vida


Luís Miguel, 16 anos, é um jovem adolescente meigo, inteligente e tímido. Sensível e detentor de uma excepcional capacidade artística para o desenho, foi diagnosticado aos 3 anos como tendo autismo. Estimulado pelo seu meio envolvente e apoiado incondicionalmente pelo seu núcleo familiar, o percurso deste menino diferente, revela-nos o quanto esta doença incurável não pode, nem deve ser considerada como uma sentença.

Descubra este testemunho na primeira pessoa, informativo e sensibilizador, em http://www.monoculo.pt/

Através do testemunho sincero e aberto da sua mãe, Irene Lopes, que aqui se estreia como autora, o leitor é convidado a acompanhar o percurso da vida do Luís Miguel e da sua família, os seus combates e as suas sucessivas vitórias. Um percurso no qual a dúvida, o medo, a incerteza e a preocupação existem, mas no qual a persistência, a coragem, as alegrias e o amor sobressaem.





Mais do que um manual sobre a patologia, Autismo - A minha lição de vida, constitui um depoimento informativo e sensibilizador, enriquecido com os contributos na primeira pessoa da família, dos amigos e dos profissionais que já cruzaram o caminho deste menino cuja diferença tem tanto para ensinar. Uma lição de vida, na sua verdadeira acepção.

Classificação: 4/7 Bom

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"Crianças Ocupadas. Como algumas opções erradas estão a prejudicar os nossos filhos"


Crianças Ocupadas
de Maria José Araújo
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 168
Editor: Prime Books

Sinopse:
Numa sociedade contemporânea onde as pessoas estão cada vez mais ocupadas, sobra pouco tempo para se reflectir sobre as melhores decisões que se podem (ou devem) tomar no dia a dia. Mas, a bem da verdade, não obstante estes condicionalismos, não há pai que não queira o melhor para o seu filho. Neste livro, que tem como base uma tese inovadora, põe-se o dedo na ferida relativamente à forma como as crianças ocupam os seus tempos livres e de como essa ocupação, se for correctamente programada, pode ser decisiva para o futuro dessas mesmas crianças. No fundo, procura-se facultar aos pais um instrumento que lhes permita decidir o que é melhor para os seus filhos.

Sobre a Obra:
Segundo a investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da FPCEUP, o livro é "o resultado de muitos anos de trabalho com crianças e adultos, de muita brincadeira com ambos e de muita preocupação colectiva sobre as consequências negativas que resultam do excesso de trabalho e de actividade organizada para os mais pequenos".

A obra, resulta de uma investigação que teve por objectivo conhecer o trabalho realizado em instituições que se ocupam de crianças entre os 6 e os 12 anos de idade. Durante este trabalho, a autora confrontou-se com a quantidade de tempo que as crianças "passam, depois das aulas, a realizar, no seu tempo livre, actividades organizadas e prescritas pelos adultos (...) sem, na maior parte das vezes, terem uma palavra a dizer", e que considera "assustadora".

Para Maria José Araújo, este trabalho constitui "fundamentalmente, um alerta para a questão dos direitos das crianças" - para que tenham "ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação", como defende.

"A intenção deste livro é criar um debate público sobre a questão da ocupação das crianças e, de alguma maneira, alertar para o direito das crianças".
A desenvolver um trabalho de investigação sobre questões levantadas pelo conceito de "Escola a Tempo Inteiro e as Actividades de Enriquecimento Curricular", a autora considera que "as crianças estão muito ocupadas, têm muitos trabalhos e actividades para fazer todos os dias" ficando sem tempo para brincar.

"Essas actividades podiam ser brincar, mas são sempre em função da escola", sublinha, acrescentando que "os pais têm uma preocupação muito excessiva em relação ao tempo escolar". A investigadora ressalva que escola a tempo inteiro é uma medida óptima, mas as crianças deviam fazer as actividades que elas pudessem escolher.

No livro, a autora, que trabalha há 19 anos com crianças, tenta responder às seguintes perguntas: “Fará sentido que, na sociedade contemporânea, as crianças trabalhem mais do que as 40 horas que achamos razoáveis para os adultos? Fará sentido prolongar de tal modo as suas ocupações que não lhes deixamos tempo para brincar e descansar? Será que temos o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de Escola?".

Para Maria José Araújo, é preciso “repensar o modelo da escola”. “Este modelo não pode continuar porque as crianças não aguentam”, realçou.
“A angústia dos pais para que as crianças trabalhem muito para ser alguém, como se as crianças não fossem já hoje alguém, pode comprometer tanto o seu presente como o seu futuro”


Entrevista da EDUCARE (daqui)

EDUCARE.PT: No seu livro, defende que é preciso repensar o modelo de estudo proposto à criança. O que deve mudar?
Maria José Araújo:
O meu livro dá conta de um estudo com crianças entre os 6 e os 12 anos de idade. Este modelo de TPC, de que eu sou crítica, baseia-se na quantidade e no exercício mecânico. Fazer TPC não é, exatamente, estudar. Nestas idades, o conceito de estudar é muito confuso e as crianças só o vão percebendo com o decorrer da escolaridade e à medida que se vão confrontando com outras situações e, mesmo assim, tudo isso depende delas.

Um dos problemas dos TPC é que dá a ideia de que qualquer pessoa pode ensinar as crianças. Não é qualquer pessoa que ensina a estudar, porque não é fácil e exige formação na área da infância e competências específicas. Exige conhecer as crianças, mas também vontade de as entender, disponibilidade para as ouvir e para compreender o modo como elas aprendem e valorizam o que aprendem.

Temos de parar para refletir criticamente sobre este modelo dominante, ver porque é que não está a dar resultado, ou seja, porque é que as crianças não aderem e não gostam, e mudar as propostas envolvendo até as crianças na definição de uma nova metodologia de trabalho. É necessário perceber que têm interesses e ritmos de trabalho diferentes, têm direito a descansar e brincar e ter isso em consideração.

E: Conclui que as crianças que têm entre 6 e 12 anos trabalham oito a nove horas por dia no seu ofício de aluno, sensivelmente o mesmo horário de trabalho de um adulto. É possível chegar a um equilíbrio?
MJA:
Equilíbrio não me parece a palavra certa. Na verdade, o horário escolar para o 1.º ciclo do Ensino Básico está regulamentado pelo Ministério da Educação. Vinte e cinco horas letivas (Língua Portuguesa 8 horas, Matemática 7, Estudo do Meio 5, Áreas de Expressão e restantes áreas curriculares 5), com "uma distribuição equilibrada ao longo da semana" (Despacho nº 19 575/2006). Esta regulamentação foi, com certeza, pensada e proposta tendo em consideração a idade e as possibilidades de dedicação das crianças a um trabalho formal deste tipo. Não vamos agora mais longe do que a própria legislação. São 25 horas e não 40,45.

Depois do ensino formal obrigatório na sala de aula, as crianças têm direito, no seu tempo livre, a fazer outras coisas. Neste sentido, eu penso que todas as propostas que aparecem para aumentar esta carga de trabalho escolar formal são basicamente desequilibradas e equiparadas ao trabalho dos adultos.

E: Há uma linha muito ténue entre tempo livre e tempo ocupado para as crianças. O que separa estes dois tempos?
MJA:
O que eu digo é que o conceito de "tempo livre", na sua relação com o contexto educativo das crianças, tem sido usado na educação sem grande precisão. O contrário de tempo livre não é tempo ocupado, como muitas vezes se diz. Porque o tempo pode ser ocupado com liberdade quando as crianças podem ter uma palavra decisiva na escolha da sua ocupação, e sem liberdade quando as crianças são vítimas de uma imposição ou escolha a que são totalmente alheias. Para tempo não livre já temos as aulas, e é normal que assim seja. Depois das aulas é bom que o tempo livre seja mesmo livre. Não faz sentido prolongar as ocupações e obrigações das crianças de tal modo que não lhes deixamos tempo para brincar e descansar. Para serem crianças...

E: Considera que a sociedade privilegia as opções dos adultos em detrimento da vontade dos mais novos em brincar. Quais os benefícios das brincadeiras?
MJA:
Brincar é a atividade natural da criança. No discurso dominante, o brincar, sobretudo quando relacionado com as atividades escolares, aparece quase sempre como atividade secundária e pouco relevante. Mas as crianças brincam para descobrir o mundo, as pessoas e as coisas que estão à sua volta. Se estivermos com atenção às brincadeiras das crianças podemos perceber a espontaneidade, o empenhamento voluntário, a regularidade e a consistência do ato de brincar. É um comportamento que permite o conhecimento de si próprio, do mundo físico e social e dos sistemas de comunicação. Brincar faz parte da cultura da infância e para as crianças é um ato muito sério.

Através da brincadeira, as crianças aprendem a escolher, tomar decisões, avaliar, distinguir, decidir. Para um adulto, a leitura de um livro, de um romance, é importante para a sua imaginação, ajuda a pensar e escrever. Para as crianças, o brincar ajuda a ler a realidade social, interpretá-la e a agir sobre ela.

E: Escreve que "se a criança não escolhe a sua brincadeira, já não é ela que brinca". Não devem ser os adultos a orientar as brincadeiras?
MJA:
Não.

E: Contra ou favor dos TPC?
MJA:
Sou contra o trabalho repetitivo e inútil como o que muitas vezes se propõe às crianças naquilo a que se chama TPC.

E: Escreve que "normalizar os TPC e fazer deles uma prática continuada não parece sensato". Os TPC não são uma boa forma de rever a matéria dada e ajudar a ultrapassar dificuldades de aprendizagem?
MJA:
Isso poderá e deverá ser feito na escola. Eu não refiro nunca que sou contra rever a matéria dada ou estudar, muito pelo contrário. O que proponho é que se faça isso na escola e nas condições adequadas, sobretudo porque estamos a falar de crianças pequenas. De qualquer modo, o meu estudo é sobre o que as crianças fazem no seu tempo livre e não sobre as suas aprendizagens formais.

E: Refere que as atividades de enriquecimento curricular (AEC) são pensadas para ser aulas. Há um desfasamento entre o que as crianças querem fazer nesse tempo e os programas definidos pelo Ministério da Educação?
MJA:
O que as crianças querem é brincar. No entanto, gostam de fazer atividades e estas podem ser uma forma de brincar. Uma das dificuldades que condicionam as escolhas das crianças nas atividades organizadas, por exemplo nas AEC, é que elas são pensadas para ser aulas, e as opções (música, plástica, etc.) são organizadas por turmas, muitas vezes sem ter em conta os interesses das crianças. Como todas as crianças que ficam na escola depois do horário letivo, têm obrigatoriamente de participar e as atividades são organizadas em função das idades e anos de escolaridade.

Neste sentido, são na maioria - para o melhor e para o pior atividades realizadas em coletivo coincidente com o grupo que funcionou durante o período letivo. Portanto, para as crianças, além do carácter obrigatório, não há diferença substancial entre estas aulas e as outras. Por outro lado, os professores das AEC são formados para dar uma importância muito maior ao saber escolar do que ao brincar. Se não estiverem conscientes do que significa ser criança e atentos ao seu cansaço, o que pode acontecer - ou o que acontece - é que toda a situação fica mais difícil para as crianças e para os professores.

O problema pode não ser só as atividades que se fazem com excesso de orientação, mas sim ser essa metodologia prevalecente em todas as atividades. Todas as medidas precisam de ajustes e de um tempo para ver como podem funcionar. É importante fazer avaliações para se perceber como podemos melhorar a qualidade das propostas, mas também do tempo que as crianças passam na escola.

E: Como vê a utilização do computador Magalhães pelos alunos do 1.º ciclo?
MJA:
Essencial enquanto passo importante no acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação. No entanto, falar de computadores nas escolas do 1.º ciclo é falar de educação e não dos equipamentos. Na verdade, já muitas crianças o usam com bastante sucesso.





Blog da Autora: Escola a tempo inteiro


Opinião:
As nossas crianças, passam muito tempo na escola e mesmo que esse tempo seja considerado "actividade extracurricular" ou mesmo, depois da escola, passado em "ATL", não se pode considerar tempo livre, uma vez que a criança está sempre sob a acção e controlo do adulto a "fazer actividades para entreter" e depois de chegar a casa terá ainda de fazer "TPC's"? E tempo para brincar e estar com os pais? Tempo verdadeiramente livre?

Classificação: 5/7 Muito Bom

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

As Cinco Linguagens do Amor das Crianças


As Cinco Linguagens do Amor das Crianças
Descubra a principal linguagem do amor do seu filho
de Ross Campbell, Gary Chapman
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 250
Editor: SmartBook

Sinopse:
Cada criança, como qualquer adulto, exprime e recebe melhor o amor através de um dos cinco diferentes estilos de comunicação. Tal verdade pode virar-se contra os pais que falam linguagens diferentes dos seus filhos. Contudo, quando devidamente preparados, as mães e os pais podem utilizar esta informação para os ajudar a satisfazer as necessidades emocionais mais profundas dos seus filhos.

Descubra a principal linguagem do amor do seu filho:
Tempo de Qualidade
Palavras de Apreço
Presentes
Actos de Servir
Contacto físico

E aprenda o que pode fazer para transmitir de forma eficaz sentimentos de respeito, afecto e compromisso incondicionais que têm eco na alma do seu filho através de As Cinco Linguagens do Amor das Crianças.

Ler excerto

Sobre a Obra:
A primeira linguagem é aquela que aprendemos com os nossos familiares e amigos durante a infância. Crianças que não se sentem amadas desenvolvem uma linguagem distorcida e para se tornarem boas comunicadoras terão um pouco mais de dificuldades, porque têm que limpar crenças e emoções conflituantes, ao passo que crianças que se sentem amadas, têm uma primeira linguagem mais segura e saudável.
Psicólogos concluíram que sentir-se amado é a principal necessidade do ser humano. Dr. Cross Campbell, especialista em psicologia infantil, diz que diversos problemas de comportamento de uma criança, adolescente ou adulto provêm do seu "depósito emocional" se encontrar vazio.
Exemplo: muitos pais providenciam tudo aos seus filhos, em termos materiais, mas não percebem a enorme carência emocional que pode existir neles; então, quando essa criança cresce e fica adulta, começa a projetar suas carências nos relacionamentos (paixões, casamento) que temporariamente suprem essa necessidade.

LINGUAGEM DE AMOR - Palavras de Apreço
Palavras de Apreço são palavras de elogio, incentivo e encorajamento. Algumas pessoas se sentem amadas quando as ouvem. As crianças também. Podemos dizer que fica mais fácil identificar na criança a Linguagem de Amor dela a partir dos 5 ou 6 anos de idade. Ela gosta de mostrar o que fez ou como está vestida para receber um incentivo ou elogio. Ela gosta de ouvir: Que desenho lindo! Como estás bonita! Que menino forte! Como pulas alto!
Uma criança em que a sua principal linguagem do amor é “Palavra de Apreço” e ouve dos seus pais palavras que a humilham, ela como todas as outras crianças não se sentirá amada, mas para ela o peso dessas palavras será muito maior. Palavras como: Tu és feia! Tu nunca serás nada! Tu és uma menina preguiçosa e lenta! Tu és gorda! São frases pejorativas que não levam a lugar nenhum! As palavras utilizadas de forma negativa servem para que a criança se sinta rejeitada, menosprezada, desaprovada e sinta a indiferença.
As Palavras de apreço, servem para alcançar o coração da criança com o intuito dela se sentir amada. Se você tem um filho(a) com palavras de apreço não perca tempo e aproveite as oportunidades para dizer o quanto o ama, que está feliz por tê-lo por perto e elogie situações que ele faz que lhe agrade e que muitas vezes passam despercebidas, porque assim ele se sentirá motivado em continuar a fazê-las! Afinal quem é que não gosta de um elogio?

LINGUAGEM DE AMOR – Presentes
Quem não gosta de ganhar presentes? Como diz o autor Dr. Gary Champan : "Sou formado em antropologia, o estudo das culturas. Até hoje, ninguém encontrou uma cultura em que presentear não seja uma expressão de amor."
Um presente diz: "Essa pessoa estava pensando em mim. Olha o que ela comprou para mim".
A criança que tem a Linguagem do amor “Presentes”, não se importa com o valor do presente, mas sim, por se terem lembrado dela. É aquela criança que dá valor ao embrulho e o abre devagarinho porque o próprio embrulho para ela já é um presente. Conseguimos ver nas crianças esta linguagem do amor, quando elas com frequência fazem desenhos para oferecer como presente, aparecem com uma flor para nos oferecer ou criam carrinhos com rolo de papelão e botões para oferecer como presentinho.

LINGUAGEM DE AMOR - Actos de Servir
Para alguns adultos, fazer algo por eles é uma profunda expressão de amor. Preparar as suas refeições, lavar a loiça, aspirar, lavar e passar a roupa, limpar o wc, visitá-los quando estão doentes – todas estas tarefas são “Atos de servir”.
Se o seu filho(a) tem como principal linguagem do amor “Atos de Servir”, certamente ficará muito feliz se o ajudar na realização dos TPC. Não é fazer os trabalhos de casa por ele, mas sim, sentar-se ao seu lado e ajudá-lo, conferir os trabalhos que esta a fazer e perguntar-lhe se precisa de ajuda ou de alguma explicação.

LINGUAGEM DE AMOR - Tempo de Qualidade
Todo ser humano precisa de tempo dedicado exclusivamente a si mesmo. Com as crianças em que a sua principal linguagem do amor é “tempo de qualidade” não é diferente, pode ser 5 ou 15 minutos diários, mas que sejam minutos dedicados a 100%. Prestar total atenção às palavras do seu filho, olhar para ele olhos nos olhos, ouvi-lo e conversar com ele. Desligar a TV, colocar o livro de lado, deixar o jantar para fazer mais tarde… E, tirar minutos de qualidade com o seu filho, brincar com ele, sem estar a pensar noutras tarefas. Para estas crianças é muito importante que os pais realmente lhes dediquem minutos de atenção a 100%, ou seja, com muita qualidade.

LINGUAGEM DE AMOR – Contacto físico
De acordo com várias pesquisas, bebes tocados com afeto são emocionalmente mais saudáveis do que bebes privados desse toque. O mesmo se aplica a todos nós. Um aperto de mão, um abraço, uma palmadinha nas costas enche o depósito emocional de muitas pessoas solitárias. A criança que tem como sua principal linguagem do amor o “contato físico”, quando reencontra, no final do dia, os seus progenitores não vai querer simplesmente um beijinho, mas sim um grande abraço apertadinho. Estas crianças adoram festinhas na cabeça, nas costinhas, andam sempre aos abracinhos e aos beijinhos. Uma palmadinha dada no momento certo, como muitos defendem, não faz mal a ninguém. Mas, essa mesma palmadinha, dada a uma criança em que a sua principal linguagem é o “contacto físico” pode provocar danos muito graves, ou seja, muita raiva e frustração.

Sobre os Autores:

Gary Chapman
Desde a década 1970, o dr. Gary Chapman vem investindo no estudo de como potencializar o mais nobre dos sentimentos em relacionamentos afetivos. Autor do celebrado best-seller As cinco linguagens do amor, traduzido para 32 idiomas, Chapman bate na seguinte tecla: "o amor não depende exclusivamente das emoções. Amor é o que você faz e diz, não apenas o que você sente".

Há décadas o dr. Chapman viaja pelo mundo desafiando casais a buscar saúde emocional para seus casamentos. Seu primeiro livro Toward a growing marriage [Rumo a um casamento maduro], de 1979, foi baseado em um curso que ele ministrou a casais com os quais trabalhava em sessões de aconselhamento. O livro virou um grande sucesso e projetou Chapman como conselheiro familiar.

Desde 1979, "Doutor Casamento" já escreveu mais de 30 livros, todos sobre relacionamento afetivo, o que faz de Chapman um dos maiores autores mundiais no gênero. Prova da atualidade e perenidade dos conceitos criados por ele foi a publicação do livro As cinco linguagens do amor. Lançado em 1992, ainda hoje aparece na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times.


Ross Campbell

M.D. (Mestre de Divindade) é psiquiatra e atende adultos, adolescentes e crianças. Ross é também um autor e palestrante renomado na área de relacionamento entre pais e filhos. Fundador e ex-presidente do Southeastern Counseling Center em Chattanooga, Tennessee, o Dr. Campbell é também professor de pediatria e psiquiatria clínica da Faculdade de Medicina do Tennessee. Ele e sua esposa Pat têm quatro filhos adultos e um neto.

Opinião:
Contrariando a ideia de que o amor tem linguagem única e universal, este livro vem demonstrar que as pessoas sejam adultas ou crianças, tem diferentes maneiras de amar e serem amadas. Cada um a seu modo, fala uma linguagem diferente para expressar o que sente pelas outras pessoas.
Um livro com uma abordagem psicológica bem interessante, que é de uma utilidade brutal para lidar com pessoas, sejam filhos ou outras pessoas próximas.
Este livro é, sem dúvida, um ótimo presente a qualquer pessoa que tenha filhos. Altamente recomendável,

Classificação: 6/7 Excelente