quinta-feira, 28 de maio de 2009

"A solidão dos números primos"

Na série infinita de números naturais existem alguns especiais: os números primos, divisíveis apenas por si próprios ou por um.


A Solidão dos Números Primos de Paolo Giordano
Editora: Bertrand Editora

Ano de edição: 2009
Número de Páginas: 272


Sinopse:

Alice é obrigada pelo pai a frequentar um curso de esqui para ser forte e competitiva, mas um acidente terrível deixará marcas no seu corpo para sempre. Mattia é um menino muito inteligente cuja irmã gémea é deficiente. Quando são convidados para uma festa de anos, ele deixa-a sozinha num banco de jardim e nunca mais torna a vê-la. Estes dois episódios irreversíveis marcarão a vida de ambos para sempre. Quando estes “números primos” se encontram são como gémeos, que partilham uma dor muda que mais ninguém pode compreender.


Autor:

Paolo Giordano, é um jovem escritor italiano de 26 anos, natural de San Mauro Torinese no Norte de Itália. O pai, Bruno é um ginecologista local e a mãe, Iside, é professora de inglês.

Vive na sua terra natal com os pais e uma irmã mais velha, Cecília.

Estudou na escola científica Gino Segré em Turim e mais tarde ingressou na Universidade daquela cidade. No ano lectivo 2006-2007, terminou o seu mestrado em Física com uma tese sobre Interacções Fundamentais, que lhe valeu uma Bolsa para frequentar o Doutoramento em Alta Tecnologia. Num projecto co-financiado pelo Instituto Nacional de Física Nuclear, está a estudar as propriedades do quarks.


Passagem do livro:

" Os números primos apenas são divisíveis por 1 e pelo próprio número. Estão no lugar que lhes é próprio na infinita série de números naturais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais além relativamente aos outros. São números desconfiados e solitários e, por isso, Mattia achava-os maravilhosos"...

"entre os números primos há alguns que ainda são mais especiais. Os matemáticos chamam-lhes os primos gémeos: são pares de números primos que estão próximos um do outro, aliás, quase próximos, pois entre eles existe sempre um número par que os impede de se tocarem realmente. Números como, por exemplo, 11 e 13, 17 e 19, 41 e 43. Tendo paciência para continuar a contá-los descobre-se que estes pares se vão tornando progressivamente mais raros. Descobrem-se números primos cada vez mais isolados, perdidos naquele espaço silencioso e cadenciado feito apenas de cifras e nota-se o pressentimento angustiante de que os pares até ai encontrados foram um facto acidental, cujo verdadeiro destino é o de ficarem sozinhos. Depois, quando se está prestes a desistir, quando já não se tem vontade de contar mais, eis que se descobrem, abraçados, mais dois gémeos. Entre os matemáticos é convicção comum que por mais que se avance na contagem, existirão sempre mais dois, ainda que ninguém saiba dizer onde, até serem descobertos. Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gémeos, sós e perdidos, próximos mas não o suficiente para se tocarem realmente."


Comentário:

O livro tem 2 personagens centrais, Alice e Mattia, ambos com infâncias complicadas, cada um escondendo o seu segredo sombrio e com dificuldade em integrarem-se plenamente nos círculos sociais. Alice e Mattia conhecem-se na adolescência, momento em que as suas histórias se cruzam. Ambos trazem da infância marcas de um acontecimento desastroso.


Paolo Giordano consegue evitar a tentação de um final feliz. A história é uma história comum, deixando o final suficientemente em aberto.

"realmente, são como dois números primos encaixados no meio de outros... Conservam um mistério que nos cativa do início ao fim"


Leitura terminada a 28/05/2009